Estava eu lá pelo km 15 ou 16, quando escutei uma gritaria que vinha do pessoal de trás. Um pouco mais à frente consegui perceber o que era: "Pindamonhangaba saúda o bairro Santa Cecília de Curitiba", gritava o atleta, faixa na testa, todo empolgado, acenando para o pessoal na calçada. Ultrapassou-me e continuei ouvindo sua alegria: "Pindamonhanbaga saúda o povo de Curitiba", e com as passadas ligeiras foi adiante, sumiu.
Mantive o ritmo e segui. Subidas e descidas, viadutos, retas intermináveis, o sol já castigava os heróicos maratonistas e qual não foi minha surpresa quando, lá pelo km 34, ouvi novamente as saudações: "Pinda... ...monhan ... gaba... te saúda", já encurtando o discurso.
Emparelhamos e aos poucos o ultrapassei. Até o km 37 ainda escutava alguma coisa, agora mais parecendo súplicas, resmungos, lamentações: "Pinda... ....monhan... ....gaba!
Fui em frente. Terminei a prova no sofrimento de sempre - Curitiba não é fácil - e não vi nem ouvi mais a figura, mas acredito que, na reta de chegada, com toda aquela torcida, naquele lindo funil cheio de flores, juntou todas as suas forças e disparou: "Pinda"!
Guilherme Marques Gorski
Itararé - SP
Texto publicado na Revista Contra-Relógio nº 150, Março de 2006, página 50.
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